sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Dia da Fotografia / Chema Madoz.


Para comemorar o dia da fotografia, escolhi o artista Chema Madoz. Há quem diga que o amadurecimento limita a imaginação - ou seja: envelhecemos cada vez mais conscientes de que o fato tem mais valor que a fantasia. A proximidade da morte aproxima-nos da concretude, aponta-nos o chão - a não ser, claro, quando se é um artista. A esse privilegiado indivíduo é concedida a capacidade de imaginar e, portanto, viver mais. É mais ou menos isso que pensa Chema Madoz, fotógrafo madrileño cujos “jogos imaginativos” criam um universo tátil que, de fato, não existe.

Madoz não é um homem da natureza, nem é dado ao que os espanhóis chamam de “repentes humanos”, o instantâneo facial, olhares, boca, corpos: anatomia que muitos fotógrafos exploram, cada um a seu modo, e que outros, mais radicais, preferem transgredir e corromper. A mulher é, para Madoz, o objeto em questão (esqueça qualquer interpretação social):

A luz natural, a preferência pelo preto & branco, a correspondência entre a escultura e a fotografia - sim, a forma é fundamento da imagem -, a proximidade com o surrealismo de Man Ray, a intangibilidade, as ironias, o minimalismo e os jogos de cena são elementos freqüentes no trabalho deste madrilenho que, aos cinqüenta anos, parece ter a imaginação adolescente necessária aos grandes criadores. É um manipulador: os objetos não são os mesmos. Madoz desordena-os, embute características outras a eles, torna-os quebradiços ao mesmo tempo em que tenazes, modifica-os no limite máximo da imaginação. Dos elementos quotidianos, brota o fictício, o aparentemente irreal, a cena intangível é criada a partir do corriqueiro.

*Conheci a arte de Chema Madoz quando estava a viver em Madrid, numa exposição na Puerta Del Sol. Fiquei encantada com a forma e criatividade deste artista!
Nascido em Madrid em 1958, as fotografias de Chema Madoz tem um traço característico: transformar objetos cotidianos em metáforas que alteram a percepção mais imediata de realidade. As fotos falam mais que as palavras. JL.

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