quarta-feira, 13 de abril de 2011

Ciência da Índia / Medicina Ayurvédica.


 A sabedoria dos ancestrais indianos para cuidar da saúde.

A medicina ayurvédica é apontada como a mais antiga forma da saúde. Sua tradição remete a cinco mil anos de história, na cultura dos Vedas, etnia que antecedeu a dos indianos. É traduzida como a ciência ou o conhecimento da vida.
‘Ayur’ quer dizer ‘vida’ e ‘Veda’ ‘conhecimento’. Por vocação, atua preventivamente, mas também visa à cura de males já estabelecidos.

A ciência Ayurveda tem uma visão da saúde como um bem-estar geral, e não fragmentada em órgãos. Ela trata o indivíduo e não a doença. É a linha da medicina que mais cresce em número de adeptos nos Estados Unidos e Europa.
No Brasil, apesar da crescente procura o Ayrveda ainda é muito confundido com massagem.

Os princípios da Medicina Ayrvédica – Segundo esta ciência, somos microcosmos em um macrocosmo, todos formados por cinco elementos, simbolicamente representados pela terra, água, fogo, ar e espaço (éter). Cada um deles tem tendências e características próprias e se manifesta em proporção única em cada ser. São os Doshas, denominados de Veta, Pitta e Kapha, biótipos formados pela associação de elementos e com predominância de um sobre o outro, presentes em cada ser em arranjos únicos. Da mesma forma que temos um código genético, temos um código energético, o dosha.

Assim, define-se o desequilíbrio dos doshas antes de qualquer tratamento. Para isso, além das informações obtidas pelo exame clínico praticado no Ocidente, o especialista examina o pulso, as características da artéria radial, a língua – importante fonte de informação – as unhas, os olhos, a estrutura física e o cabelo, além da forma de andar e de falar, entre outras características. Todos os detalhes contam na hora do diagnóstico.

A abordagem é holística, uma vez que valoriza o homem como um ser integrado, mas também ecológico, já que dá importância à interação dele com a natureza que o cerca. Afinal, ambos são formados pela mesma essência.

As doenças têm origem na intoxicação do corpo e da mente – Para o Ayuveda, somos nutridos de alimentos e experiências. “O desequilíbrio pode se da por diferentes fatores, como mudança de alimentação, clima, emoções e pensamentos”.

Um dos importantes legados do Ayrveda é a sabedoria de que os males têm origem psicossomática. É a biopsicologia, ligação do corpo e da mente. A raiva, o medo, o amor e as emoções de uma forma geral têm seu aspecto bioquímico. Se agirmos nestes neurotransmissores, agimos nos males que nos afligem, físicos ou mentais.

O percurso da doença – O ‘Kriakala’, processo de adoecimento segundo o Ayrveda, tem seis fases. Para manter a harmonia interna (homeostase), o organismo é capaz de absorver o impacto dos pequenos desequilíbrios diários, frutos de um estilo de vida inadequado, muitas vezes durante anos. Isso tem um limite. Uma vez ultrapassado, a doença propriamente dita se instala

As três primeiras fases do adoecimento resumem-se no acúmulo, no agravamento e no transbordamento do dosha. O primeiro estágio ocorre quando o dosha inicia um processo de acúmulo no corpo. Cada dosha tem propensão a acúmulos em regiões distintas. Quem é de Kapha, geralmente, se ressente do aparelho respiratório: em Pitta as regiões mais propícias para incidir o acúmulo são o estômago e intestino delgado: para Vata é o intestino grosso. Mas o desequilíbrio não é restrito a essas regiões. Ele pode atingir outros tecidos enfraquecidos. Assim, o sintoma evidente não assegura a origem da doença.

Se não houver intervenção na fase do acúmulo, o processo segue e entra na fase do agravamento, que leva ao transbordamento, o que ocorre quando o dosha invade outros tecidos enfraquecidos. A quarta fase é a de ‘relocação’. O tecido enfraquecido combina com outros saudáveis, provocando a produção de subprodutos ( toxinas), que prejudicam a circulação da energia no corpo.

A quinta fase é a de ‘manifestação’, quando o paciente precisa controlar a doença, com sintomas evidentes. Se entrar na sexta fase do processo de adoecimento, será necessário um acompanhamento mais freqüente, pois mesmo após o tratamento, com o dosha equilibrado, seu corpo estará fraco, e a recorrência ficará mais fácil de acontecer.

Como o Ayurveda prescreve a saúde prefeita – Definir a alimentação do paciente é básico. A melhor forma de nos alimentarmos também depende de cada dosha, que define o que comer, quanto, quando e até onde. O segundo passo do tratamento prescreve a prática de atividades físicas e mentais, também com definição de tipo de atividade, horário e freqüência. Nesta fase, incluem-se a meditação e a entoação de mantras, tudo sempre orientado pelo dosha.

Assimiladas essas prescrições, se houver necessidade, entra a terceira fase, que é a utilização de compostos de ervas, mas também podem incluir minerais na forma de ingestão ou pomadas para aplicação externa. Em casos mais graves mais graves, aplicam-se terapias purificadoras ou Panchakarma, que é um tratamento de desintoxicação.
No caso de doenças genéticas, a origem é kármica, fruto de vidas passadas.

A ciência ensina a ter saúde pelo autoconhecimento – Para alcançar o equilíbrio, o Ayurveda promove o autoconhecimento. A participação do paciente na prevenção e até na cura dos males – distúrbios físicos e sociais - é fundamental. O paciente deve ter consciência de sua constituição e a Medicina Ayurvédica ajuda neste processo.
É a Medicina mais motivadora para mudanças alimentares e no estilo de vida, pontos cruciais na incidência de males crônicos, como diabetes, asma, bronquite e artrite.

Dos conhecimentos e procedimentos do Ayurveda, 90% deles mantêm-se fiéis às origens até os dias de hoje. Para nós, ocidentais, acostumados a usufruir os avanços da medicina alopática, pensar em cuidar da saúde com base em conhecimentos passados por ancestrais há pelo menos cinco mil anos pode parecer ultrapassado, mas é bom saber que a Organização Mundial da Saúde aprova e reconhece o valor do Ayurveda.

Dados divulgados pela OMS, com base nas mais modernas confirmações científicas, relatam a eficácia em aliar dieta e atividades físicas no combate à crescente incidência de doenças crônicas, não só entre a população menos favorecida.
A Organização M. de Saúde defende a aproximação entre setores de saúde e agricultura como necessária e iminente para combater os males.

*Conhecer algumas particularidades culturais na Índia ajuda a compreender melhor a sabedoria da medicina... JL.

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