Fernando Botero nasceu em Medellin, Colombia, a 19 de Abril de 1932. De jovem autodidacta, tornou-se o pintor mais famoso de toda a América Latina. E, como muitos artistas sul-americanos seus antecessores, tiveram de partir da sua terra natal para conhecer, primeiro o Velho Continente e, só depois, o conquistar. A sua obra possui perto de três mil pinturas e ainda mais de duzentas esculturas, assim como inúmeros desenhos e aquarelas. As suas primeiras obras exprimem o caráter expressionista da pintura, mas foi após anos de aprendizagem e de inúmeras viagens, que ele adquiriu o estilo pelo qual ficaria famoso: “as imagens que se tornaram símbolos da cultura crioula moderna da América Latina”. O núcleo do seu trabalho denota uma experiência existencial da sua origem e cultura, que é, simultaneamente, de âmbito universal. Botero salientava que isto só era possível “porque o artista é universal apenas quando está fortemente enraizado na própria comunidade onde nasceu”.
A pintura de Botero é intemporal: nada nos lembra os anos
“Não, eu não pinto pessoas gordas”.
Esta era a resposta recorrente de Botero à pergunta: porque pinta Botero pessoas gordas? O fato é que as figuras são cheias, redondas, ou mesmo corpulentas, mas este exagero apenas reflete uma preocupação estética e, sobretudo, possui uma função estilística. Botero seria, antes de mais, um pintor figurativo e, mesmo se, as suas imagens são dirigidas pela realidade, estas não a transmitem. Tudo nos seus quadros é volumoso e, a priori, não se preocupa em pintar coisas especiais, mas antes, em utilizar a transformação ou deformação para tornar a realidade
“É importante saber de onde provém o prazer de contemplar um quadro. Para mim, é a alegria de viver combinada com a sensualidade das formas. É por isso que o meu problema é criar sensualidade através da forma.”
Nas suas pinturas não existem sombras, porque elas “sujam as cores”; esta ausência é uma grande preocupação ligada à ideia de beleza. A luz provém do interior e a plasticidade das suas imagens é criada através da cor. O objetivo é sempre criar superfícies em que a cor possa exprimir-se a si própria. A cor é fundamental, diz Botero, “pois dá luz à pintura. A imagem só alcançará a perfeição quando a questão da cor tiver sido resolvida”.
*Vimos esta exposição de Botero em Lisboa, minha filha ainda pequena ficou impressionada com o tamanho e volume das mulheres. Nunca esqueço a tua expressão de espanto quando viu a primeira escultura na Rua Augusta e disse: Mãe, porque estas mulheres são tão gordas? Disse: Porque elas não fazem uma alimentação natural. Resultado, até hoje ela se alimenta de forma natural com medo de se tornar uma das mulheres de Botero. JL
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