quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Sob o Céu de Paris.

 

O homem deitado na soleira da igreja,
Estica as pernas, cruza os braços sobre os peitos,
Lança o olhar para o céu de Paris.
O sino da igreja bate oito vezes,
Ainda é dia de primavera,
O sol, o calor que nos alegra,
Os dias da estação, não são mais os mesmos.
Ah, a chuva fina, e um suave frescor do vento,
Obriga o homem a esticar o velho cobertor,
Sob a soleira da igreja.
Duas jovens marroquinas gordas, ou tunisianas?
Ah isso pouco importa!
Passam, falam alto, essa língua do “ra”,
O homem faz “buff”: ‘não há sonoridade nessa coisa, pensa’.
Ele só quer a calma da igreja, da praça, do céu de Paris.
Ai, essa calma que não chega!
Na igreja, os santos já se recolheram,
O padre também.
Só essa gente que invade Paris não dorme.
Enfim, há noite no céu.
O escuro tão esperado pelo Casanova,
Sim, poderá ele sonhar com as suas mulheres,
As suas divas, nuas, seminuas,
Bocas marcadas pelo batom vermelho,
Flores nos cabelos, largos quadris,
Seios de volume a fartar,
Gargalhadas, gargalhadas.
É o paraíso, abençoado pela igreja e seus ocupantes.
Santa soleira, fonte inspiradora de sonhos realizados.

'Carminha Corrêa'.
Paris, juin 2008.

* Quando estive pela primeira vez sob o céu de Paris, foi amor à primeira vista. Fiquei encantada, há um romantismo pairando pelo ar, não resistir e deixei-me levar...
Merci, merci, Carminha! JL

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