Combinação do estrogênio e da progesterona aumenta risco de
trombose e AVC.
A pílula anticoncepcional é o medicamento mais estudado no
mundo, afirma o ginecologista da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia
e Obstetrícia (Febrasgo). Isso porque ela é usada por milhões de mulheres anos
a fio e afeta todos os órgãos com receptores hormonais. Seu uso previne não só
a gravidez como ainda garante um ciclo menstrual regular.
A evolução do método atingiu seu ponto mais alto com a
combinação de dois hormônios, o estrógeno e a progesterona (a pílula
combinada), em níveis baixíssimos e mais eficazes do que nunca, mas, como todo
medicamento, ela possui efeitos colaterais. Por isso, hábitos de vida,
condições de saúde e histórico familiar de doenças são determinantes na adoção
ou não da pílula. Em caso negativo, outros métodos podem ser usados sem riscos
à saúde feminina.
Confira abaixo quando a pílula combinada é contra indicada:
Tabagismo - A
associação da pílula com o cigarro, especialmente por mulheres acima dos 35
anos, eleva e muito o risco de doenças cardiovasculares. Diversos estudos
mostram que as substâncias do cigarro afetam diversas funções do sistema vascular
arterial, mesmo quando a fumaça já não está mais no ar. Isso porque essas
substâncias continuam circulando no corpo, favorecendo o acúmulo de placas de
gordura e colesterol nas artérias, problema conhecido como aterosclerose. Some
isso ao fato de que a pílula combinada favorece a coagulação do sangue e o
resultado pode ser desastroso, levando a um AVC, infarto ou trombose.
Hipertensão - A hipertensão costuma apresentar sintomas
apenas em estágio muito avançado e, por isso, é fundamental medir a pressão arterial
da mulher antes de recomendar o uso de uma pílula anticoncepcional. Mulheres hipertensas já apresentam risco
elevado de doenças cardiovasculares. Isso porque o coração fica hipertrofiado
devido ao grande esforço para bombear o sangue nas artérias e, com o tempo, as
artérias perdem a elasticidade, favorecendo o entupimento e rompimento das
mesmas. Junto com a pílula, a probabilidade de sofrer um AVC ou outros problemas
ligados aos vasos sanguíneos, como a trombose, é muito maior.
Trombose - A trombose é decorrente de três fatores
principais: lesões nos vasos sanguíneos, propensão a formar coágulos e
diminuição da velocidade da circulação. "Como a pílula favorece a formação
de coágulos, seu uso é proibido para mulheres que já sofreram o problema ou
apresentam histórico de trombose na família”. O trombo geralmente se forma em
uma veia localizada nas pernas, mas ele pode se desprender e subir para os
pulmões, causando embolia pulmonar, colocando a vida da mulher em risco.
Lúpus - O lúpus é uma doença autoimune extremamente complexa
que afeta, inclusive, os vasos sanguíneos.
Além disso, a doença também pode estar relacionada a anticorpos que
favorecem a coagulação sanguínea e, portanto, a formação de trombos. A
associação com a pílula combinada eleva o risco de AVC, infarto e trombose,
sendo, assim, contra indicada para os pacientes de Lúpus.
Obesidade - A mulher com obesidade tem um risco maior de
sofrer eventos cardíacos e, em geral, ainda é vítima de problemas como
colesterol alto e hipertensão. Segundo o
especialista, o tecido adiposo em excesso produz mais de 15 substâncias que
interferem no funcionamento do organismo como um todo, inclusive nos níveis
hormonais. Assim, o caso precisa ser bem avaliado para determinar o custo
benefício do uso desse método anticoncepcional. Em alguns casos, apenas a exclusão
do estrogênio, que exerce maior influência na coagulação, pode ser eficaz.
Doenças Hepáticas - Todo medicamento utilizado via oral é
metabolizado no fígado. Por isso, se a
pessoa apresenta lesões hepáticas, como hepatite e cirrose, o uso da pílula
pode ser contraindicado por sobrecarregar o órgão. Além disso, mesmo com o uso
do contraceptivo é possível que aconteçam irregularidades menstruais. O
hormônio não metabolizado não inibe a produção de hormônios pelo ovário, o que
não diminui a efetividade do medicamento, mas pode desregular os níveis
hormonais do corpo.
Tumores Hormônios Dependentes - Alguns cânceres, como o
câncer de mama de mama, têm receptores hormonais. Em outras palavras, eles são
hormônios sensíveis, podendo ter seu desenvolvimento estimulado pelos níveis
hormonais no organismo. Isso significa que indicar o uso de uma pílula pode
agravar a situação do tumor. Como tumores costumam apresentar sintomas apenas
em estágio avançado, exames de detecção preventivos são fundamentais para não
deixar que o problema se agrave.
Varizes - Varizes por si só já denunciam uma mulher com
problemas de circulação sanguínea, dilatadas
e deformadas, as veias indicam que o sangue não está conseguindo seguir seu
curso normal, favorecendo, assim, a formação de coágulos. Durante a consulta,
portanto, deve ser avaliado se o problema é isolado ou se ainda está associado
a outros fatores de risco para problemas cardiovasculares, como a obesidade.
Por isso, o uso da pílula combinada nem sempre é seguro.
Fator V de Leiden - O Fator V de Leiden é uma mutação
genética que pode aumentar em até 100% o risco de a mulher sofrer um evento
cardiovascular. A variação interfere diretamente na coagulação do sangue e pode
ser identificada pelos laboratórios em mais uma etapa do teste de Papanicolau.
De acordo com a especialista, a ação do Fator V de Leiden se dá junto às
plaquetas, que podem aglutinar e formar um trombo. Identificado o problema,
devem ser pensados outros métodos contraceptivos.
Fonte: Revista Natural.
*Da revolução sexual à emancipação feminina, a pílula
anticoncepcional, cuja aprovação nos EUA, completou 50 anos ontem, já recebeu
crédito por algumas das maiores revoluções social do século 20. Em 1960 as
americanas foram às primeiras mulheres do mundo que puderam comprar, com
autorização legal, o "Enovid", uma dose concentrada de hormônios que
evitava a ovulação da mulher e assim possíveis casos de gravidez. JL