sexta-feira, 8 de março de 2013

Dia Internacional da Mulher!



Homem que é homem ajoelha e pede perdão às mulheres.
Assim me ajoelhei, na noite de ontem, com um bando de marmanjos, no sagrado solo.
O perdão particular, o perdão coletivo e histórico.
Foi bonita a festa, pá, meu caro Sérgio Vaz, fiquei contente.
Quando você se ajoelha por uma grande causa –e a mulher é a minha devoção única- o atrito do joelho no milho moral da existência é muito maior do que você imagina.
Arrepio de novo agora enquanto cato milho nesta minha velha Olivetti Lettera 22.
Descer sobre o milho de atos, pecados, violências e omissões. Nem o maior milharal de trabalho escravo das beiradas do Mississipi seria suficiente para aplacar a nossa ficha corrida, tremenda capivara.
O gesto, porém, é bonito. Quando você encosta a velha dobradiça no cimento, o coração pipoca além do simbólico, muito além da sístole e diástole.
Depois de um sarau da Cooperifa, 12 anos de poesia e combate, o poeta Sérgio Vaz anuncia o “Ajoelhaço”, evento que acontece sempre na semana da Mulher.
Silêncio!
Vaz, puxa em coro em feitio de oração.
O grave da voz do faroeste balança o teto.
De joelhos, na frente das meninas, pedimos perdão pelo conjunto da obra, pelos maus tratos, pelos maus jeitos, pela quebradeira, pela arrogância, pela macheza, pelo ouvido desatento, por não notar que o casamento está uma farsa, enfim, pela coleção das merdas completas.
É bonito, amigos. Num tem apenas mané simbólico na parada. Se você se arrepia e isso vale para tudo, não tem conversa, não tem tese nem antítese, nem agá antropológico. O arrepio é à prova de rótulos e jornalistices apressadas.
O “Ajoelhaço” é uma experiência que deveria fazer parte do currículo da escola dos machos. A velha rótula lanhada -pelo rolimã, as quedas de bicicletas, os carrinhos do futebol e outras malasartes apenas físicas- sentirá o baque da dor que deveras carrega na carcaça.
Foi bonita a festa, pá, vejo Vaz. Zé Batidão vá desculpando aí qualquer coisa. E quem quiser ver a macharada no milho dos mil perdões, às 19h30, do próximo domingo, mostro como foi em crônica para a “TV Folha na Cultura”.
O mais interessante, creio yo, foi perguntar às belas, na lata, se sentiram firmeza no perdão masculino. Foi bonito.
E você, mulher, já perdoou muito nessa vida ou ainda tem um pote até aqui de mágoas?

‘Xico Sá’.

*Enfim uma lúcida crítica! Admiro a poética do gesto... De toda forma, como mulher, agradeço toda atenção, toda forma de amor! A mulher poderosa é aquela que estabelece as próprias regras, que se sente confiante, livre e satisfeita com ela mesma... Felicidades a todas as mulheres... Marias, guerreiras, garotas, meninas, mulheres, mães e avós... brancas, negras, amarelas de todas as cores... JL!

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