A macrobiótica propõe a ingestão de determinados alimentos e a suspensão de outros para assegurar a saúde.
“Não existem doenças, e sim doentes”. Esta frase encerra um princípio comum nas medicinas alternativas, o de que a saúde é o estado natural do corpo. Por isso, o melhor a se fazer para manter a saúde é fortalecer o corpo.
Reeducação alimentar, atividade física, equilíbrio emocional e espiritual, são fundamentais nesse processo. E foi centrado num desses aspectos – a alimentação – que um filósofo japonês criou os princípios de uma terapia baseada na dieta alimentar – a macrobiótica.
Em 1903, quando Georges Ohsawa, tinha dez anos, ele foi atingido por uma tragédia familiar. Sua mãe foi desenganada, e os médicos deixaram de tratá-la. Ela morreu pouco depois. Em seguida, duas irmãs e um irmão de Ohsawa morreram da mesma maneira. Não bastasse isso tudo, ele foi informado que estava irremediavelmente perdido, com tuberculose e úlceras. Inconformado, o menino começou a estudar a antiga medicina oriental – na época, abolida pelo governo japonês. No final, Ohsawa conseguiu curar-se.
Decidido a dedicar sua vida ao estudo da medicina oriental que o salvou, foi atraído pelas pesquisas de Sagen Isiduka, que dizia ter descoberto a validade bioquímica do antigo Princípio Único ao constatar o antagonismo complementar entre sódio (Na) e potássio (K).
De acordo com o Princípio Único, todas as coisas são compostas de duas forças opostas e, ao mesmo tempo, complementares – o Yin e o Yang. Essas duas forças, embora contrárias, completam-se uma à outra, como o dia e a noite, o homem e a mulher, o frio e o calor. O centrípeto yang é constritivo e produz calor, som, densidade, peso – tendência de ir para baixo. O centrífugo yin é expansivo e produz frio, silêncio, dilatação, expansão, leveza – tendência de ir para cima. Ambas as forças combinam-se para criar o mundo como o conhecemos.
Ohsawa comparou o Princípio Único à eletricidade. É como o corpo fosse uma lâmpada alimentada por energia elétrica, ligada nos pólos positivo ou yang, e negativo ou yin. O equilíbrio entre yin e yang no organismo é determinante na saúde e fortemente influenciado pela nossa alimentação.
Para manter o equilíbrio yin / yang do corpo, Ohsawa baseou-se nos estudos de Sagen Isiduka. O pesquisador sustentava que o sódio (Na) e o potássio (K) estão presentes em tudo. O sódio é um elemento yang e o potássio yin. Assim, avaliando a quantidade de elementos (Na) e (K) que um alimento possui, Ohsawa elaborou a dieta perfeitamente balanceada – a macrobiótica.
Criando um padrão baseado em cor, calor, frio, peso e paladar, Ohsawa classificou os alimentos de acordo com o Princípio Único. Ele concluiu que a quantidade indicada para que um alimento seja considerado ideal para o consumo é 5 elementos Na para cada K. Por isso, o arroz integral – único alimento que possui esta taxa de 1 para 5 – é considerado o principal da dieta macrobiótica.
Além disso, esta dieta enfatiza cereais integrais cultivados de forma biológicas ou orgânicos, legumes, verduras, leguminosas, algas marinhas, sementes e produtos de soja fermentada – sempre combinados pelo princípio de yin e yang.
O ideal é que não seja consumido nenhum produto animal. Entretanto, essa dieta deve ser adotada gradualmente, comendo-se cada vez menos alimentos de origem animal até que o corpo não tenha mais necessidade deles.
Farinha refinada branca, açúcar, sal, lácteos e carne de vertebrados são vistos como os mais nocivos, enquanto peixe é considerado aceitável. Além de frutas naturais e desidratadas, o único adoçante usado na comida macrobiótica é xarope de malte de cevada.
A macrobiótica diz que há certos alimentos que devem ser evitados: outros que se deve comer com moderação; e, finalmente, aqueles que devem ser a base da alimentação.
*Os alimentos que não se deve comer: açúcar e derivados, produtos químicos, produtos animais, refrigerantes, massas feitas com farinha refinada, cereais polidos, alimentos cultivados com agrotóxicos, etc...
*Os alimentos que se pode comer sempre: Cereais integrais, leguminosas, algas marinhas, sementes tostadas, legumes, verduras, peixe, proteínas vegetais, tipo tofu, seitan e tempeh, tahini, missô, shoyu.
*A macrobiótica recomenda que entre 60% a 80% da refeição seja:
Arroz integral – tonifica os pulmões.
Milho – tonifica o coração.
Centeio – tonifica o baço.
Trigo - tonifica o fígado.
Aveia – tonifica os rins.
Trigo Sarraceno – os rins.
Os alimentos devem se integrais e cultivados biologicamente, sem agrotóxicos.
Pode-se usar adoçante tipo Stévia / Mel / Malte de cevada / Geléia de Milho.
*Ohsawa, que considero um filósofo e um dos iluminados do século XX, escrevia de forma bela e arrojada, simultaneamente extrema e quase um pouco elitista. Para ele, o Homem podia atingir paz e liberdade absolutas e níveis de consciência superiores se se alimentasse corretamente e se ultrapassasse as limitações do pensamento dualista moderno.
Sou seguidora deste regime alimentar à uns 25 anos, (e minha filha já nasceu macrobiótica), desde que fui viver para a Europa, e as alterações que vivenciei a nível físico e mental foram e ainda são extraordinárias. Uma indescritível sensação de plenitude. JL
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