Dieta açucarada e gordurosa faz criança ter coração de idoso.
Documentário expõe os riscos do fast-food à saúde mostrando crianças
com doenças crônicas da obesidade, mas incapazes de reconhecer frutas e
legumes in natura.
Yan de 4 anos, obeso, cardiopata e com
insuficiência pulmonar, mora no interior do Amazonas. Ele se joga no
chão para comer salgadinho antes do almoço, mas perde o ar durante a
malcriação.
O pai cede à guloseima e come junto com a criança. A
birra é infantil, mas a falta de fôlego sugere que o coração e o pulmão
já são típicos de um idoso.
O menino é um dos personagens do
documentário ‘Muito Além do Peso’, que acaba de estrear nas salas de
cinema do Brasil. Percorrendo as histórias de crianças brasileiras com
excesso de peso – todas com quadro clínico de doenças crônicas que no
passado só apareciam após os 60 anos – a obra estimula a reflexão sobre a
maior epidemia infantil da história, a obesidade.
“Encontramos
crianças que não conseguem reconhecer o que é um mamão, uma pera”,
disse ela em referência a uma das cenas do filme em que uma menina,
moradora de uma casa de palafita no interior do Pará, só reconheceu a
batata quando ela estava ensacada, na forma de salgadinho. Ao pegar o
tubérculo in natura nas mãos, a menina não soube dizer o que era e
arriscou a palavra “cebola”. Não foi o único exemplo retratado.
É grave e triste. A obesidade antecipa outras epidemias da
modernidade, como diabetes problemas cardíacos e depressão.
Vilões: O documentário coloca a indústria
alimentícia e a publicidade infantil como dois dos principais motivos
para explicar o aumento da obesidade na infância. Os brinquedos que são
entregues junto com os lanches nas grandes redes de fast-food, a
utilização de personagens infantis nas embalagens de biscoitos recheados
e chocolates, além das peças publicitárias que dizem “ser mais felizes”
aqueles que consomem uma marca de refrigerante foram apontados pelos
especialistas entrevistados no filme – e pelas próprias crianças
participantes do documentário – como os responsáveis pela alimentação
maléfica e engordativa.
Mas outros “vilões” também são
explorados. O endocrinologista infantil Amélio Godoy, que participou do
filme e do debate realizado após a estréia, na última segunda-feira
(12), citou a genética como um dos culpados para o aumento recorde de
obesidade no Brasil.
O açúcar é aquisição nova em nossa
alimentação. A substância é extremamente agressiva ao organismo e nossos
genes não são adaptados para ela.
O açúcar sobrecarrega os
órgãos, impõe a falência celular, esgota a capacidade de produção de
insulina (o gatilho do diabetes) e não ajuda na saciedade. Ao contrário.
Por promover maior liberação de hormônios, somos incentivados a comer
mais. O açúcar acarreta uma terrível sensação de bem-estar.
Além da inabilidade do organismo para lidar com o açúcar e a atuação
viciante da substância no corpo, a chefe e psicóloga Ann Cooper –
mentora do programa de Michele Obama para conter a obesidade infantil
nos EUA – citou as merendas escolares e os rótulos dos alimentos pouco
informativos.
“As lanchonetes das escolas precisam estar
alinhadas para a alimentação saudável e isso vai fazer com que as
crianças não precisem comer maçãs escondidas no banheiro, por vergonha,
como tem acontecido hoje”.
“No nosso programa colocamos bufês
de saladas nas escolas e eliminamos o refrigerante e as frituras em
1.500 colégios. Acreditem: foi muito difícil, tivemos reclamações, mas
nenhuma criança morreu por falta de refrigerante”, brincou Ann que
também participou do debate.
Conheça o programa implementado em Nova York.
“Os rótulos dos alimentos também precisam ser mais claros. Mas a minha
dica é: se você lê e não entende o que aquilo significa, por que vai dar
aquela substância para o seu filho"?
Para os especialistas,
todas as ações tem como objetivo diminuir uma tendência já detectada
pelas pesquisas internacionais e dita, no documentário, pelo chefe pop e
denfensor da dieta saudável, Jamie Oliver.
“Se nada mudar, o seu filho vai viver 10 anos a menos do que você".
* Atenção mães, reeduque a alimentação do teu filho, para no futuro ser um adulto saudável. JL
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