Federico García Lorca, Fuente Vaqueros, 5 de junho de 1898 —
Granada, 19 de agosto de 1936, foi um poeta e dramaturgo espanhol, e uma das
primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola devido ao seus alinhamentos
políticos com a República Espanhola e por ser abertamente homossexual.
Nascido numa pequena localidade da Andaluzia, García Lorca
ingressou na faculdade de Direito de Granada em 1914, e cinco anos depois
transferiu-se para Madrid, onde ficou amigo de artistas como Luis Buñuel e
Salvador Dali e publicou seus primeiros poemas.
Grande parte dos seus primeiros trabalhos baseia-se em temas
relativos à Andaluzia, à música e ao folclore regionais e aos ciganos.
Concluído o curso, foi para os Estados Unidos da América e
para Cuba, período de seus poemas surrealistas, manifestando seu desprezo pelo
modus vi vendi estadunidense. Expressou seu horror com a brutalidade da
civilização mecanizada nas chocantes imagens de Poeta em Nova Iorque, publicado
em 1940.
Voltando à Espanha, criou um grupo de teatro chamado La
Barraca. Não ocultava suas idéias socialistas e, com fortes tendências
homossexuais, foi certamente um dos alvos mais visados pelo conservadorismo
espanhol que ensaiava a tomada do poder, dando início a uma das mais sangrentas
guerras fratricidas do século XX.
Intimidado, Lorca retornou para Granada, na Andaluzia, na
esperança de encontrar um refúgio. Ali, porém, teve sua prisão determinada por
um deputado, sob o argumento que tornou-se célebre, de que ele seria "mais
perigoso com a caneta do que outros com o revólver".
Assim, num dia de agosto de 1936, sem julgamento, o grande
poeta foi executado com um tiro na nuca pelos nacionalistas, e seu corpo foi
jogado num ponto da Serra Nevada. Segundo algumas versões, ele teria sido
fuzilado de costas, em alusão a sua homossexualidade. A caneta se calava, mas a
Poesia nascia para a eternidade - e o crime teve repercussão em todo o mundo,
despertando por todas as partes um sentimento de que o que ocorria na Espanha
dizia respeito a todo o planeta. Foi um prenúncio da Segunda Guerra Mundial.
Assim como muitos artistas - e a obra Guernica, de Pablo
Picasso -, durante o longo regime ditatorial do Generalíssimo Franco, suas
obras foram consideradas clandestinas na Espanha.
Com o fim do regime, e a volta do país à democracia,
finalmente sua terra natal veio a render-lhe homenagens, sendo hoje considerado
o maior autor espanhol desde Miguel de Cervantes. Lorca tornou-se o mais
notável numa constelação de poetas surgidos durante a guerra, conhecida como
"geração de 27", alinhando-se entre os maiores poetas do século XX.
Foi ainda um excelente pintor, compositor precoce e pianista. Sua música se
reflete no ritmo e sonoridade de sua obra poética. Como dramaturgo, Lorca fez
incursões no drama histórico e na farsa antes de obter sucesso com a tragédia.
As três tragédias rurais passadas na Andaluzia, Bodas de Sangue (1933), Yerma
(1934) e A Casa de Bernarda Alba (1936) asseguraram sua posição como grande
dramaturgo.
Lorca era defensor da República e ativista de esquerda. Em
1934, declarou: "sempre estarei ao lado dos que não têm nada".
Assinava com frequência manifestos antifascistas e mantinha vínculos com
organizações como o Socorro Rojo Internacional. Considerava que a tomada de
Granada aos mulçumanos durante a reconquista (1492) havia sido um desastre que
levou ao povoamento da região "pela pior burguesia da Espanha atual".
Sua morte está fortemente associada à perseguição de esquerdistas e ao terror
político recomendados pelo general Mola aos golpistas de 1936.
"Todas as religiões devem ser toleradas, pois cada um
de nós tem o direito de ir para o céu à sua maneira."
‘Federico García Lorca’.
*Hoje 19/08, faz 76 anos da morte de Federico Garcia Lorca,
uma das pessoas mais influentes da arte do Século XX, vítima da Guerra Civil
Espanhola, assassinado covardemente pelas costas. Que ele permaneça vivo em
nossas memórias! Adoro ler os poemas de Lorca... JL
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