segunda-feira, 30 de julho de 2012

Viviane Mosé.


Não é da cultura americana que falo, mas de um modelo de mundo que ainda predomina o modelo do consumo. Este tema hoje me atravessa a garganta porque estou no olho do furacão, nunca imaginei nada igual. E isso me envergonha como ser humano. Cegos, comemos sem digerir; com uma imensa boca aberta, como uma criança carente, comemos as plantas, os animais, as pessoas, as relações, os afetos. Comemos sem digerir, e vivemos uma coletiva indigestão. Depressão, ansiedade, compulsão, psicopatia, dispepsia psíquica. Há mais de duzentos anos estamos assim, até que a terra exaurida, a cultura exaurida entre em colapso como agora. Vivemos uma radical crise econômica, ambiental, social, ainda bem. Muito bem vinda esta crise de valores; neste caos contemporâneo está em nossas mãos reinventar o homem e o mundo ou não haverá homem nem mundo. Mas é preciso coragem. É preciso reaprender a ver.
‘VM’.

Deixo vocês com um trecho da Hilda Hilst: "ganhar dinheiro e usa-lo para aprender a olhar, quem o faria? Tão poucos os que se detém na raiz, o olhar alagado de vigorosa emoção, estou vivo e é por isso que o peito se desmancha contemplando, o coração é que contempla o mundo e absorve matéria do infinito".
Quanto de infinito cabe em você? Esta é a grande pergunta, você cultiva vazio ou enche o copo sempre até a borda?

*Viviane Mosé é capixaba, radicada no Rio desde 1992, é psicóloga e psicanalista, Especialista em “Elaboração e Implementação de políticas públicas” pela Universidade Federal do Espírito Santo, Mestra e Doutora em filosofia pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da
Universidade Federal do Rio de Janeiro. É autora de vários livros, entre eles Stela do Patrocínio - Reino dos bichos e dos animais é o meu nome, indicado ao prêmio Jabuti no ano de 2002, na categoria psicologia e educação.
Boa semana a todos... JL

Nenhum comentário:

Postar um comentário